terça-feira, 9 de junho de 2009

Restaurar para melhor evangelizar


De acordo com o Teólogo Afonso Murad, no mundo globalizado e capitalista em que estamos vivendo, a tendência da humanidade é tornar-se cada vez mais consumista e individualista. Neste sistema ideológico, a pessoa não é valorizada pelo que ela é, mas pelo quanto pode consumir. O ser humano não é visto como sujeito de si mesmo, mas como consumidor e objeto de consumo.

Para a Teologia da Libertação, a formação de uma consciência que liberta as pessoas das estruturas escravizadoras da ideologia capitalista constitui um desejo muito grande, pois muitos pobres não têm consciência de que, a cada dia que passa, estão sendo sugados pelo egoísmo e pela exploração do mercado.

Nesta perspectiva, penso que o objetivo da Teologia da libertação é conscientizar as pessoas que se encontram no estado de pobreza e chamar a atenção para os valores humanos, bem como para a não conformidade com a miséria imposta por uma parcela da sociedade que não deseja a partilha.

A finalidade desta corrente teológica é libertar a humanidade da opressão e da marginalização, colocando Jesus Cristo como base principal para dar continuidade na luta por um futuro melhor, onde todos tenham vida e vida em abundância (Jo 10,10).

Tendo em vista o processo contínuo de mudanças vividas pela sociedade hodierna, tenho observado que as variadas facetas do capitalismo e as muitas formas de pobreza devem apontar para a necessidade de uma nova articulação e reformulação da Teologia da Libertação. Essa reformulação será de suma importância para que suas perspectivas sejam atualizadas.

Um novo olhar da Teologia da Libertação sobre a sociedade em mudança poderá fazer com que esta mesma sociedade sinta-se afetada por esta maneira mais humana de ver o mundo. Como consequência disso, poderão surgir novas lideranças que sejam imbuídas pelo Espírito Santo para dar continuidade à proposta do Evangelho que é fazer com que haja igualdade entre todos. Vale a pena ressaltar que esta proposta não é exclusividade da Teologia da Libertação, mas em primeiro lugar de Jesus Cristo.

De acordo com Clodovis Boff, o documento de Aparecida enfatiza e chama a atenção para o discipulado, e missão dos batizados. Nesse mesmo documento, é possível encontrar alguns sinais para as possíveis reformas que poderão ser difundidas pela Teologia da Libertação para melhor seguir as pegadas de Jesus Cristo no anúncio profético em favor dos empobrecidos.

Neste sentido, é preciso ter sempre diante de nossos olhos que amar é fazer os outros se sentirem amados, o amor é cristão, e ser cristão é não perder de vista as lutas e os objetivos. Por isso, o cristianismo precisa escancarar as portas da justiça e afetar diretamente as estruturas de opressão que impedem os marginalizados de enxergar o seu valor como seres humanos e de sua importância na construção de um mundo melhor.

Quem confia em Cristo possui expectativa para continuar em busca da libertação e essa deve ser a meta principal da Igreja enquanto seguidora fiel de Jesus Cristo que nos ama.

Um comentário:

  1. Realmente, a Teologia da Libertação precisa cada vez mais se atualizar para continuar respondendo de forma concreta aos apelos da realidade, sem perder sua essência de anúncio do Reino de Deus na perspectiva do pobre. Mirandir, seu texto está muito bom, mas vejo que faltou pontuar alguns aspectos: Como acontece o processo de libertação trazido por este modo de fazer teologia? Quais são as possíveis reformas que poderão ser difundidas pela Teologia da Libertação para melhor seguir as pegadas de Jesus Cristo no anúncio profético em favor dos empobrecidos, que o Documento de Aparecida apresenta?
    Acima de tudo a teologia da libertação quer chamar a atenção da sociedade para perceber que existe um pecado estrutural que escraviza a vida das pessoas. Não quer apenas conscientizar, mas promover a mudança que vem das bases. Quer tornar o pobre agente da mudança, protagonista de sua própria história.
    Enquanto houver um pobre, enquanto existir uma situação de injustiça, a Teologia da libertação estará alerta para promover a vida e dignidade para todos.
    A luta continua!

    “Nós devemos ser a mudança que queremos ver no mundo”
    (Gandhi)

    Edvaldo Ferreira

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