sábado, 19 de setembro de 2009

Teologia Vocacional: Um processo de humanização em sintonia com Deus.



“Não foram vocês que me escolheram, mas fui eu que escolhi vocês. Eu vos destinei para ir e dar fruto, e para que o fruto de vocês permaneça.”
(Jo 15. 16)





No atual contexto da sociedade moderna vivemos uma lógica pragmática. Numa onda exacerbada de alteridade, muitos estão longe de um pressuposto cristão que é a igualdade. Para alguns, a vida não passa de um verdadeiro caos ativista. Neste contexto, nos deparamos com sucessivos chamados. Estes, quando suscitados por Deus nos interpelam a viver princípios básicos de humanização. Ou seja, cuidar dos seres vivos, estabelecer uma relação proativa com a natureza e com Deus.

Os chamados são expressão e manifestação de Deus que é trindade. E ele está envolvido diretamente no processo das nossas respostas. É ele que nos chama, nos conduz ao caminho e nos envia para a missão. Este modelo de compreensão sobre o chamado nos leva a pensar vocação como um apelo divino e trinitário. Segundo José Lisboa: “A vocação como comunicação trinitária é, antes, de tudo, uma ação do Pai. ‘Ele, por um livre desígnio de amor, toma a iniciativa. É o Pai que chama e envia’. Como primeira fonte de vida, o Pai é a fonte e o princípio de tudo, especialmente da vocação humana”.[1]

O discernimento é o caminho para viver no processo vocacional os sinais de Deus. Ele por sua vez nos leva a apaixonar-nos pela humanidade e por Deus. Por isso deve ser sempre pautado no cuidado, na ética e, sobretudo nos princípios cristãos. O/a vocacionado/a precisa partir do pressuposto da fé. O discernimento pautado na fé é uma proposta desafiadora para o/a jovem. Ele, por sua vez, deve saber que o chamado vocacional é também um caminho de entrega, doação e renúncias. Neste sentido entra a ação do promotor vocacional, o mediador, motivador, o ajudante para uma caminhada profunda de auto descoberta.

O jovem é desafiado quando chamado a fazer uma experiência itinerante vocacional. Como promotor e promotora, nossa principal função é viver com eles a dimensão do espírito de família, o que pode nos ajudar a fazer juntamente com o jovem uma experiência significativa, elaborando em toda a caminhada, projetos que os ajudem a serem homens e mulheres maduros/as, conscientes do seu processo de humanização e profundos na fé em Jesus Cristo. Por outro lado, logicamente podemos nos acomodar a ponto de adotá-los, apadrinhá-los, sermos na vida deles apenas membros de passagem. O que certamente não propicia liberdade e transparência no processo entre ambos, promotor e o/a jovem. Isso é um fenômeno preocupante. Quando agimos desta maneira, descuidamos nos princípios cristãos e participamos no processo de um seguidor do consumismo pautado na mentira, iludido em qualquer caminho que seguir na vida.

O acompanhamento vocacional é também um exercício de humildade. A Pastoral Vocacional deve ser um caminho de seguimento a Jesus. Tendo isso como base, debruçamo-nos em alguns questionamentos: Os pobres são nosso horizonte? Pensamos nisso quando estamos na orientação ou sendo orientados? Como lidamos com as diversas juventudes (tribos) numa perspectiva vocacional? O que de fato é nossa responsabilidade em um processo vocacional? E por fim, como protagonistas do nosso caminhar e da nossa ação, amamos? Acreditamos? Faz sentido este processo, esta missão que fazemos? Para compreendermos uma teologia encarnada neste modelo de sociedade e preocupada com a ótica da pobreza precisamos direcionar nosso projeto vocacional ao projeto de Jesus Cristo.



[1] LISBOA, José Moreira de Oliveira. Teologia da Vocação: Temas fundamentais: Loyola, São Paulo, 1999

Um comentário:

  1. Muito bom o caminho feito pelo Ir. Márcio para nos falar sobre a vocação numa perspectiva Trinitária. A Trindade Santa como comunidade perfeita nos convida a fazer comunidade e ajudar os jovens no seu caminho de descobertas e buscas. Quando alimentamos e cuidamos de nossa própria vocação podemos orientar bem àqueles que nos procuram. "É preciso cuidar do broto para que a vida nos dê flor e fruto"

    Ir. Edvaldo

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